Criadores de ‘Lost’ pedem desculpas a Evangeline Lilly

O site Deadline divulgou nota em que informa que os criadores da série Lost (série produzida de 2004 a 2010), J.J. Abrams e Damon Lindelof, e também seus produtores Jack Bender e Carlton Cuse, desculparam-se com a atriz Evangeline Lilly (Homem Formiga e a Vespa) depois que ela comentou, em uma recente entrevista, algumas situações desagradáveis vivenciadas durante a 3ª e 4ª temporadas do programa, produzido pelas companhias Bad Robot, Touchstone Television e ABC Studios.

As situações mencionadas pela atriz envolvem, numa primeira ocorrência, o desconforto emocional em realizar uma cena seminua, tentando superar seu constrangimento a fim de não prejudicar sua qualidade dramática – o que lhe havia causado um grande desgaste. Já na segunda ocorrência, Evangeline disse que uma situação similar à cena anterior estava descrita no roteiro e que ela, ainda que tivesse tentado realizá-la, não havia conseguido e, diferentemente da primeira vez, negou-se a fazê-la.
O site Observatório do Cinema apresentou, em 2017, uma lista de dez atrizes que deram declarações em que se expõem as situações de machismo em Hollywood. No Oscar de 2015, a atriz Patricia Arquette, premiada como atriz coadjuvante por sua atuação no filme Boyhood, em seu discurso de premiação, trouxe à baila a questão da diferença salarial (e de tratamento) das atrizes em relação aos atores.
Questões de assédio também pipocaram no Oscar desse ano, com o uso de um broche que representava a campanha Time’s Up, criada por Natalie Portman e Merryl Streep, pela qual se iniciou um fundo de defesa legal – que já havia arrecadado milhões – para subsidiar atores e atrizes que se sentiram em situação de assédio no trabalho.

Voltando à Evangeline Lilly, sua entrevista incorpora esse tema, sobretudo quando, em outra ocasião – também em Lost – a atriz comentou que, em razão da recusa de uma coordenadora de dublês (que atriz considerara misógina) em escalar uma profissional para substituí-la numa cena, ela havia esfolado ambos os antebraços.
Situações como esta, que antes eram sufocadas pelo sistema hollywoodiano, têm vindo à tona nos tempos recentes. Tomara que esta exposição sirva, cada vez mais, para constranger e impedir que, respectivamente, indivíduos e valores machistas sejam tidos como naturalmente aceitos e estabelecidos no meio profissional, não só cinematográfico ou televisivo, mas em todos os níveis e setores da vida social do globo.