O sexto episódio da segunda temporada de The Last of Us, que estreou recentemente na Max, trouxe à tona uma das perguntas mais aguardadas pelos fãs: Joel está vivo? A resposta, complexa e emocional, é revelada através de uma série de poderosos flashbacks que preenchem a lacuna de cinco anos entre as temporadas e exploram a deterioração da relação entre Joel e Ellie.
Longe de ser uma aparição no presente narrativo, o retorno de Pedro Pascal ao papel icônico serve para contextualizar o estado atual de Ellie e o peso do segredo que a separa de sua figura paterna. O episódio se aprofunda em momentos cruciais desse período, culminando em uma confissão devastadora que muda tudo entre eles.
O Retorno de Joel: Flashbacks e a Lacuna de Cinco Anos
A expectativa em torno do destino de Joel Miller na segunda temporada de The Last of Us era altíssima, especialmente para quem acompanha a história pelos jogos. O episódio 6, intitulado “The Price” (O Preço, em tradução), confirmou que o personagem de Pedro Pascal apareceria, mas não da forma como muitos poderiam esperar no presente da narrativa principal que se passa cinco anos após os eventos da primeira temporada.
Sua presença é sentida e crucial, mas estritamente através de flashbacks. Essas sequências retrospectivas são habilmente utilizadas para detalhar o que aconteceu no longo período que separa as duas temporadas, um tempo marcado pelo distanciamento e pela crescente tensão entre Joel e Ellie (Bella Ramsey).
É nesse lapso temporal que a dinâmica outrora inabalável da dupla se fragiliza, preparando o terreno para os eventos traumáticos que a série está adaptando de The Last of Us Part II. Os flashbacks não são apenas lembranças aleatórias; eles são ferramentas narrativas essenciais para mostrar ao público a erosão da confiança e a formação de ressentimentos que definiram a relação de Joel e Ellie antes do ponto onde a segunda temporada realmente começa, em Jackson, Wyoming.
A série opta por não apenas narrar essa distância, mas mostrá-la através de momentos específicos e carregados de emoção, alguns adaptados diretamente do jogo e outros criados especificamente para a televisão, como uma cena inédita da adolescência de Joel. Essa abordagem garante que a audiência entenda profundamente as motivações e o estado emocional de Ellie no presente da trama, mesmo sem a presença constante de Joel ao seu lado.
Momentos Chave do Passado: Museu, Violão e Revelações Dolorosas
Os flashbacks apresentados no episódio 6 são repletos de momentos significativos que contrastam a proximidade do passado com a frieza do presente. Uma das cenas mais tocantes é a adaptação fiel da visita de Joel e Ellie ao Museu de História e Ciência Natural de Wyoming, um local que se torna um refúgio nostálgico em meio ao apocalipse.
Esta cena, que ocorre no aniversário de 16 anos de Ellie, destaca a tentativa de Joel de proporcionar a ela uma experiência de infância perdida, reforçando o vínculo paternal que eles compartilhavam.
Outro momento icônico recriado é quando Joel presenteia Ellie com um violão e promete ensiná-la a tocar, um gesto que simboliza a esperança de um futuro mais pacífico e a continuidade de seu relacionamento.
No entanto, o episódio não se detém apenas nos momentos felizes. Ele constrói gradualmente a tensão que culmina na confissão mais importante: Joel revela a Ellie a verdade sobre o que aconteceu no hospital dos Vaga-lumes em Salt Lake City.
Em uma cena emocionalmente crua na varanda da casa em Jackson, ele admite ter impedido a cirurgia que poderia ter criado uma cura para a infecção, sacrificando a chance da humanidade em favor de salvar a vida dela. Ele confessa ter matado os Vaga-lumes que se opuseram, incluindo Marlene. Esta revelação é o ponto de virada definitivo, explicando a origem da mágoa profunda de Ellie e o abismo que se abriu entre eles, apesar dos esforços de Joel para mantê-la segura.
A Reação de Ellie e o Peso do Segredo
A reação de Ellie à confissão de Joel no episódio 6 é o cerne do drama e da complexidade emocional da segunda temporada. Bella Ramsey entrega uma performance devastadora ao lidar com a revelação de que Joel não apenas mentiu para ela por cinco anos, mas também tirou sua agência e a chance de sua vida ter tido um propósito maior – ser a chave para a cura.
A cena na varanda é marcada por silêncios pesados, olhares de traição e a quebra de um vínculo que Ellie considerava sagrado. A série, assim como o jogo, não suaviza o impacto dessa verdade. Ellie se sente traída, roubada e, de certa forma, inútil, já que sua imunidade, que a tornou tão especial e a motivou a atravessar o país, parece agora menos significativa sem o potencial de uma cura.
Apesar da dor e da raiva evidentes, a cena termina com uma nota de ambiguidade que deixa uma porta aberta para a complexidade de seu relacionamento. Ellie, apesar de dizer que não sabe se conseguirá perdoá-lo, expressa o desejo de tentar.
Esta frase, fiel ao material original, é crucial para mostrar que, apesar da quebra de confiança, o amor e a história compartilhada entre eles ainda existem, mesmo que soterrados sob o peso do segredo e suas consequências. A série explora as camadas dessa reação, mostrando não apenas a raiva, mas também a confusão e a profunda tristeza de uma filha que descobre que seu protetor mentiu sobre algo tão fundamental.
Detalhes da Adaptação: Novidades e Fidelidade ao Jogo
A segunda temporada de The Last of Us na HBO continua a demonstrar um cuidado notável na adaptação do material original, mas também se permite explorar novos caminhos para enriquecer a narrativa.
O episódio 6, em particular, apresenta tanto momentos de fidelidade impressionante quanto adições significativas. Uma diferença notável em relação ao jogo The Last of Us Part II é a forma como Ellie lida com a marca da mordida. Na série, antes de cobri-la com a icônica tatuagem de samambaia e mariposa, ela tenta queimar a própria marca com uma lâmina quente, um ato desesperado de automutilação que sublinha sua angústia e o desejo de apagar o que a torna diferente, ou talvez de punir a si mesma pela aparente futilidade de sua imunidade após a confissão de Joel. Esta adição intensifica a representação da dor emocional de Ellie.
Outra novidade exclusiva da série é um flashback da adolescência de Joel, onde ele aparece confrontando seu pai violento. Esta cena inédita oferece um vislumbre do passado turbulento de Joel antes do surto, adicionando camadas à sua personalidade e explicando talvez parte de sua natureza protetora e, por vezes, imprudente.
Esses elementos originais, combinados com a recriação fiel de cenas amadas pelos fãs, como a do museu e do violão, mostram como a série equilibra a honra ao material de origem com a busca por profundidade e novas perspectivas narrativas. A adaptação não é literal, mas sim uma reinterpretação que busca amplificar o impacto emocional da história.
Episódio Chave e o Futuro da Temporada
O episódio 6 é amplamente considerado um dos mais poderosos e emocionalmente ressonantes da segunda temporada de The Last of Us até agora. Sua força reside na forma como ele utiliza os flashbacks não apenas para contar o que aconteceu, mas para *mostrar* a dor e a complexidade das relações humanas em um mundo pós-apocalíptico.
A direção e as atuações, especialmente de Bella Ramsey e Pedro Pascal, elevam o material, usando silêncios, expressões faciais e gestos sutis para transmitir volumes sobre o estado de seus personagens. A série tem sido elogiada por sua capacidade de capturar a essência do jogo, ao mesmo tempo em que aprofunda aspectos psicológicos e relacionais.
A segunda temporada, que terá um total de sete episódios – um número menor que a primeira, mas justificado pela densidade narrativa de The Last of Us Part II – utiliza este sexto episódio como um ponto crucial. Ele não apenas amarra as pontas soltas do passado recente de Joel e Ellie, explicando a origem de sua distância, mas também prepara o palco para os conflitos futuros.
A revelação da verdade e a subsequente ruptura entre eles são o motor que impulsiona grande parte dos eventos subsequentes da história, levando Ellie por um caminho de vingança e dor. A habilidade com que o episódio constrói essa fundação emocional é fundamental para o impacto dos acontecimentos que se seguirão, solidificando a segunda temporada como uma adaptação corajosa e profunda de um dos jogos mais aclamados de todos os tempos.
