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ShondaLand: O Universo de Shonda Rhimes

Talvez, aqui no Brasil o nome dessa (super) produtora e roteirista norte-americana não seja tão conhecido. Mas não há dúvidas de que Shonda Rhimes já faz tanto sucesso quanto as séries que produz. Ela, inclusive, foi chamada pelo jornal The Independent de “a mulher mais poderosa da televisão americana”. Atualmente, ela é “dona” da noite de quinta-feira no canal ABC, que criou a expressão TGIT (Thank God It’s Thursday = Graças a Deus é quinta) para honrar seus três sucessos que são transmitidos sequencialmente – tornando a quinta-feira a noite mais lucrativa para a emissora.

Não satisfeita com seu sucesso de 11 anos com Grey’s Anatomy, Shonda também está envolvida no hit Scandal, como escritora e produtora, e na novata com excelente recepção How To Get Away With Murder, da qual ela é “apenas” produtora executiva. Aclamadas pela crítica e pelo público, as três séries têm uma coisa em comum: protagonistas femininas fortes e determinadas, que não medem esforços para conquistar o que desejam. Dessa forma, inspirada em sua própria maneira de encarar o mundo, a roteirista criou Meredith Grey (Ellen Pompeo), Olivia Pope (Kerry Washington), e Annalise Keating (Viola Davis) – além de outros personagens coadjuvantes que possuem tanta personalidade quanto as próprias donas da história.

Também não podemos esquecer de outro sucesso criado pela mente de Shonda, que já concluiu sua missão: a brilhante obstetra Addison Montgomery (Kate Walsh), que, depois de se destacar em três temporadas de Grey’s Anatomy, ganhou o spin-off Private Practice, que foi ao ar por seis temporadas.

Mas seu trabalho começou muitos anos antes de conseguir dominar a telinha – e comendar as histórias mais dramáticas dos últimos tempos. Nascida no dia 13 de janeiro de 1970, na cidade de Chicago, foi lá mesmo que ela começou sua paixão por roteiros, ainda no ensino médio. Na mesma época, outro interesse já chamava sua atenção: o universo médico. A curiosidade teve a fagulha inicial quando Shonda passou a atuar como voluntária em um hospital.

Mais tarde, entrou para a Universidade de Dartmouth (à qual já foi feita referência várias vezes em suas séries), onde se formou em inglês e estudos cinematográficos, escreveu para o jornal e se envolveu no departamento de teatro. Foi lá, uma década antes, que as primeiras histórias de Meredith Grey começaram a serem escritas. Mesmo assim, seu primeiro emprego depois da faculdade foi em uma empresa de publicidade, em São Francisco.

A dificuldade de entrar para o mercado televisivo não desanimou Shonda que, como todas suas heroínas, não desistiu do seu sonho de escrever e voltou para a faculdade para estudar roteiros. Sua capacidade de criação logo chamou a atenção e ela foi convidada a escrever para o cinema. Suas primeiras produções ganharam muita fama, mas quase ninguém tem ideia que as histórias saíram da mesma cabeça que hoje escreve dramas tão intensos. Foi ela quem roteirizou “O Diário da Princesa 2: O casamento real” (2004) e “Crossroads – Amigas para sempre” (2001). [Sim! Aquele da Britney Spears].

Não demorou para que seu talento na tela também despontasse. Logo depois de escrever a continuação de “O Diário da Princesa”, sua primeira grande obra já começou a todo vapor e logo foi comprada: Grey’s Anatomy (2005).

Desde então, toda a capacidade de Shonda vem sendo reconhecida por diferentes premiações, dos quais ela já acumula 13 vitórias. Entre as principais, estão dois prêmios de “Melhor Roteiro de Série Dramática” para o episódio “A Change Is Gonna Come”, de Grey’s Anatomy, e para a série Private Practice, além do Producers Guild Award como “Produtor de Televisão do Ano”, também para Grey’s.

Com tantos sucessos para chamar de seu, Shonda criou a produtora ShondaLand para responder por suas produções. A empresa também coordena vários atores, como Kate Burton, Tony Goldwyn e Liza Weil, que já apareceram em pelo menos duas de suas criações. O nome ainda é usado como referência ao legado que ela está criando na televisão.

Para a roteirista, o sucesso de suas histórias está na tentativa de fazer com que todas as pessoas se vejam refletidas nos personagens. Suas histórias contam sobre relações homossexuais, protagonistas negras, personagens de caráter duvidoso, e muitos outros tipos reais, que são representados dentro de um único contexto, sempre com o cuidado de fugir de estereótipos ao mesmo tempo em que abre discussões que muitas pessoas querem dar como superadas.

“Neste mundo em que todos nós sentimos que estamos tão cheios de igualdade de gênero, é um bom lembrete para ver que ainda existe um preconceito racial casual e uma estranha misoginia em relação a uma mulher escrita para um papel que todos nós pensamos como sendo tão liberal,” destacou Shonda ao site The Hollywood Reporter. Graças a sua coragem, a brilhante Kerry Washington se tornou a primeira protagonista negra na televisão americana desde 1974.

Sobre sua fórmula para o sucesso, Shonda é firme e direta ao garantir que basta “confiar na intuição”. Sorte nossa que ela não pretende parar de criar tão cedo!

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