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The Last of Us T2E2: Suspense e Falhas Narrativas

Se há algo que torna The Last of Us uma série tão aclamada é a sua habilidade de equilibrar momentos emocionantes com profundidade narrativa. No entanto, o segundo episódio da segunda temporada apresenta uma experiência dividida.

Por um lado, ele entrega cenas de suspense sufocantes que prendem o espectador na cadeira; por outro, tropeça em diálogos desnecessários que desaceleram a trama em momentos cruciais.

Este episódio não apenas eleva o nível em termos de ação e emoção, como também coloca sobre a mesa questões importantes sobre o ritmo da narrativa e o impacto das escolhas criativas.

O Suspense Que Prende

Em muitos momentos, o episódio se destaca pela capacidade de criar tensão palpável. A cena da grade onde Abby precisa atravessar uma cerca coberta de infectados, é um exemplo perfeito disso.

A atmosfera claustrofóbica, combinada com a música silenciosa e os movimentos calculados da personagem, faz o espectador segurar a respiração. É quase impossível não sentir a pressão crescente enquanto ela tenta escapar daquele pesadelo.

A sequência de batalha na cidade é outro momento que amplifica essa sensação.

Com tiroteios intensos, explosões e correrias desesperadas, o episódio consegue transportar o espectador para o caos absoluto.
Essas cenas são visuais e auditivamente impressionantes, proporcionando um verdadeiro espetáculo cinematográfico.

No entanto, aqui está o ponto crucial: apesar de toda essa adrenalina, os momentos terriveis que são quase iminentes simplesmente não acontecem.

O espectador fica à espera do pior, mas, para nossa felicidade (ou frustração, dependendo do ponto de vista), o desfecho é diferente do esperado.

Esse contraste entre expectativa e resultado cria uma camada extra de tensão psicológica, deixando claro que nem tudo será resolvido facilmente neste universo sombrio.

Os Diálogos Que Pecam

Embora o episódio tenha acertado em cheio nas cenas de ação e suspense, ele tropeça em alguns diálogos que acabam comprometendo o ritmo geral.

Um exemplo marcante é o longo monólogo de Abby antes de matar Joel. Embora a intenção seja clara(dar profundidade ao motivo de sua vingança), o diálogo estende-se por minutos preciosos que poderiam ter sido utilizados para intensificar ainda mais o momento.

Esse tipo de pausa narrativa tem um efeito paradoxal: enquanto tenta enriquecer a história, acaba diluindo o impacto emocional da morte de Joel.

Em vez de dar mais tempo de tela no desdobramento da morte de Joel e focar na ação ou nas reações de Ellie, o episódio opta por explicar detalhes que já foram amplamente discutidos em contextos anteriores. O resultado é uma cena que poderia ser mais concisa e devastadora.

Outro exemplo é a cena do rádio na cidade. O episódio perde momentos valiosos deixando para os habitantes da cidade mostrarem que o rádio estava com o sinal ruim ao invés de deixar essa informação ser apresentada pelas patrulhas que estavam fora da cidade no momento.

Embora possa haver algum valor na tentativa de apresentar o funcionamento da comunicação, perdeu-se uma boa chance de escalar o suspense.

O Balanço Entre Ação e Narrativa

Apesar dessas falhas, é importante reconhecer que o episódio alcança um nível elevado de qualidade em outros aspectos. Ele prova que a série tem capacidade de superar as críticas sobre o ritmo lento do primeiro episódio, entregando uma experiência dinâmica e envolvente.

As performances dos atores continuam sendo um ponto alto, especialmente Pedro Pascal e Bella Ramsey, que conseguem transmitir nuances complexas em meio ao caos. No então, o equilíbrio entre ação e narrativa ainda é um desafio para a série.

A segunda temporada parece disposta a explorar novos caminhos, mas corre o risco de perder sua força se não dosar melhor os momentos que desaceleram a trama.

Os episódios futuros precisarão tomar cuidado para não repetir os mesmos erros.

Dialogar com o espectador por meio de explicações prolongadas ou inserir detalhes triviais em momentos críticos pode prejudicar o ritmo geral da narrativa.

Em um universo tão sombrio e imprevisível quanto o de The Last of Us, cada segundo deve contribuir para o avanço da história ou para o desenvolvimento emocional dos personagens.

Reflexões Finais

The Last of Us Temporada 2 Episódio 2 é uma jornada cheia de altos e baixos. De um lado, temos cenas memoráveis que elevam o nível da série; do outro, diálogos mal executados que atrapalham o fluxo natural da narrativa.

No fim das contas, este episódio consegue calar aqueles que criticaram o tom monótono do primeiro capítulo, mas também serve como um alerta: doses excessivas de explicações ou interrupções desnecessárias podem ser o calcanhar de Aquiles da produção.

Para os fãs da franquia, isso reforça a importância de manter um olhar crítico mesmo diante de uma adaptação tão aguardada.

Afinal, mesmo as melhores histórias podem tropeçar quando perdem de vista o essencial: o equilíbrio entre emoção, ação e progressão narrativa.

Adriano Ladislau

Adriano é Mercadólogo, Publicitário, Professor e Podcaster. Atua há mais de 10 anos escrevendo conteúdo especializado em cultura geek e, paralelamente, desenvolveu uma carreira sólida no marketing, com foco em análise de dados e campanhas criativas. Já liderou equipes, negociou parcerias com grandes marcas e hoje ensina novos profissionais a navegar nesse universo com conteúdo direto, prático e bem-humorado. Quando não está cuidando do Santuário Geek ou do seu grupo no Telegram, provavelmente está ouvindo Queen ou maratonando um clássico do gênero Tokusatsu.

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